À partir do primeiro momento que uma mulher descobre a gravidez, vem na cabeça uma série de perguntas sendo a primeira delas, o famoso “E agora?”.
Junto com todas as perguntas, vem uma grande certeza: é hora de aceitar.
Quando a gente tá acostumada com um estilo de vida livre, movimentado, cheio de atividades e principalmente permeado pelo esporte, a aceitação se torna mais longa e mais difícil.
Sempre fui tigrona, desmetida e saía fazendo as coisas sem me entregar muito às limitações. No entanto, hoje essa opção não existe mais, e mesmo quando dá vontade de ser tigrona o corpo não responde mais.
Posso contar nos dedos de uma mão o número de vezes que corri nesta gravidez: 4
No início não corri porque tive um problema de descolamento, e agora não estou correndo porque, depois de algumas tentativas, cheguei à conclusão de que a corrida não estava me trazendo prazer nem nada de bom neste momento.
Independente de a mulher ter ou não um histórico de atividades físicas, o corpo funciona de maneira totalmente diferente quando se está grávida. Por causa das alterações hormonais e anatômicas que sofremos, as articulações e ligamentos se tornam mais elásticos e instáveis para preparar o corpo para o nascimento do bebê.
Nas vezes em que corri não senti dor, mas foi esquisito. A perna parecia boba e o barrigão me fez perder um pouco do equilíbrio, além disso não senti aquela felicidade maluca que a gente sente pós treino.
Sem sofrimento, resolvi não insistir e aceitar.
Tenho muita saudade das minhas manhãs solitárias na USP e de como meu dia era depois de correr. Saudade do gosto de sangue na boca, dos longos intermináveis em manhãs nubladas de sábado. Saudade de buscar recordes nas provas, e muita muita saudade de ter onde aliviar o stress.
Não sou o tipo de mulher que CURTE a gravidez, na verdade acho tudo bem chato e cansativo. Tive a Malu com 21 anos e terei no Nicolas com 34, dois momentos completamente diferentes da vida.
Hoje sei controlar minhas emoções e não sofrer, aos 21 não sabia. Toda aquele descontrole só me prejudicou, por causa dele me joguei numa cesariana totalmente desnecessária e sofri que nem o cão no pós-parto.
Certamente, depois que parir vou desobedecer as ordens e voltar para os treinos antes da hora. Mas hoje, apesar da saudade que sinto dessa vida deliciosa da corrida, estou ok com as limitações que a gravidez trouxe.
Já vou avisando: talvez esse seja um blog só para mães nos próximos meses.
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