Leptina e fertilidade

A leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo e dentre outras coisas – como sinalizar a saciedade – ela cumpre um papel importante na função reprodutiva da mulher.

A leptina influencia a produção e liberação do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo, que é uma região do cérebro adjacente à glândula pituitária. O GnRH estimula a glândula pituitária a secretar hormônios gonadotróficos, como o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH), que são essenciais para a regulação do ciclo menstrual e a ovulação. Ela regular a esteroidogênese (nascimento de hormônios) na fase folicular e lútea.

Olha que lindo: a leptina sinaliza ao seu cérebro que você está apta a fazer neném!

Quando temos problemas?

Em mulheres extremamente magras, sem níveis adequados de gordura corporal (sim, precisamos dela!) os níveis muito baixos de leptina podem levar a distúrbios menstruais, como amenorreia (ausência de menstruação), oligomenorreia (ciclos menstruais irregulares) ou anovulação (ausência de ovulação). A baixa quantidade de gordura corporal pode resultar em uma produção reduzida de leptina, afetando negativamente a regulação hormonal necessária para a ovulação. Ou seja: o cérebro entende que esta mulher não está apta a fazer neném. Situação muito comum em atletas.

No outro extremo temos as mulheres com sobrepeso ou obesidade, que por conta do excesso de tecido adiposo acabam desenvolvendo resistência à leptina. Aposto que você já ouviu falar muito da resistência à insulina, que é o terreno fértil para as doenças metabólicas como diabetes, esteatose hepática, hipertensão etc. No caso de uma resistência à leptina, o corpo produz deste hormônio, mas as células ficam “surdas” e não respondem mais à ele. Isso pode levar a uma desregulação hormonal semelhante à observada em mulheres magras, incluindo distúrbios menstruais e anovulação.

As células da placenta, dos músculos esqueléticos, do estômago, hipotálamo e glândulas mamárias também podem sintetizar leptina em níveis menores mas a maior produção vem do tecido adiposo, o que nos leva a pensar com um pouco mais de carinho para essa parte tão desprezada do nosso corpo.

Nosso corpo não foi feito para ter os 8% de gordura corporal que as atletas sonham, os treinadores incentivam e o Mito da Beleza nos impõe. Tampouco foi feito para carregar esse excesso de que boa parte da população feminina carrega hoje em dia e que infelizmente tem virado senso comum. Na verdade, qualquer número que nos vendam como “ideal” é arbitrário, porque cada uma é uma mas a realidade é que mulher PRECISA de gordura corporal nos níveis certos: nem muito nem pouco.

Se o seu cérebro entende que você está em estado de inanição, seja pela falta da leptina ou resistência à ela, ele coloca seu corpo em estado de inaptidão / infertilidade pois à luz da evolução, nossa natureza não permite que uma mulher procrie sob uma situação de perigo como a fome.

Portanto, quando for investigar sua saúde reprodutiva é sempre interessante fazer isso com um profissional que saiba te explicar e manejar a situação.

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