Nossa, depois de escrever esse título me dei conta de que esse assunto ficou meio antigo, levando em consideração que o Nicolas tem quase 9 meses, não é?
Mas é que tanta gente me pede dicas, e eu não contei a história toda junta, então acho que, de alguma maneira, esse post vai ajudar as mamains corredoras.
LOGO DEPOIS DE PARIR.
Engordei 11kg na gravidez, meu parto foi normal, com uma episiotomia (corte) de 4cm e logo no primeiro mês já emagreci bastante. Primeiro por causa da amamentação, e segundo porque cortei muita coisa da minha alimentação para evitar cólicas no bebê.
No dia seguinte que pari, minha médica foi no quarto ver como eu estava e ficou puta quando me viu de cinta. Pediu pra eu tirar, levantar os braços e me disse que minha musculatura estava muito boa e que não precisava disso. Como ela não disse que não podia usar, só disse que não tinha necessidade, eu continuei usando bastante no primeiro mês e até metade do segundo já tinha abandonado por completo.
Eu me sentia bem de cinta, não sei se faz diferença real, mas pra mim foi bom usar.
Fora isso, durante a amamentação também adquiri o hábito maravilhoso de beber muita água o dia inteiro. Andava com uma garrafa Minalba de 1,5l pra cima e pra baixo e enchia umas 5 ou 6 vezes por dia. Além de ajudar MUITO na produção de leite, eu sentia minha pele melhorando e meu organismo funcionando bem para alguém que acabou de parir.
Então no primeiro mês, mesmo estando de quarentena sem poder fazer muita coisa, meu corpo foi se recuperando naturalmente.
Depois conto como era minha rotina de alimentação, pois ela foi de extrema importância no meu processo de retomada aos treinos.
FIM DA QUARENTENA.
Enfim, quando completei 40 dias pós-parto – a famosa quarentena – comecei a fazer exercícios no chão de casa, nos poucos minutos em que o Nicolas dormia, já que ele nunca foi um bebê que dorme muito. Usei o aplicativo da Nike NTC, que é de graça e tinha uns treinos de 12, 15 ou 20 minutos que eram suficientes pra dar uma suada e uma acordada na musculatura.
Na primeira semana foi estranho. Começar a me mexer depois de tanto tempo parada foi realmente esquisito! Reaprender a contrair os músculos, a fazer os movimentos…
Mas a gente se adapta rápido e eu sou a prova viva daquela história de que sim, o corpo tem memória!
Nos dias em que o Nico não me deixava treinar, eu esperava meu marido chegar em casa à noite, montava as coisinhas (mat + halteres de 5kg) no chão da sacada e assim que ele entrava pela porta eu já ia malhar.
Embora fosse pouco tempo, esses minutinhos de exercício faziam toda a diferença pra mim. Era como se eu tivesse corrido 20km, me sentia bem igual!
Como faz muito tempo que pratico musculação, já tinha noção de quais exercícios eram interessantes e quais deveriam ser evitados nesse momento pós-parto, além disso a Milena Preter me dava umas dicas bem boas.
ACADEMIA COM NENÉM.
Quando comecei a descer pra passear com o neném e ele dormia, eu corria pra academia e tentava encaixar um treino com ele do meu lado. E neném funciona à base de rotina, né? Então esse esquema começou a dar muito certo, pois eu conseguia treinar praticamente todos os dias.
Óbvio que tinha diz que ele dormia 15 minutos, então nesses dias eu terminava o treino à noite, qdo meu marido chegava do trabalho. Quem me segue no Instagram acompanhou minha rotina de esteira com bebê.
O que me ajudava muito era acordar de manhã e já colocar a roupa de treino, claro que tinha dias que eu ficava o dia todo montada e não rolava treinar, mas essa era uma atitude que além de me ajudar a ganhar tempo, me mantinha motivada a não ter preguiça.
Cada dia que passava eu dava um passinho adiante. Aumentava o peso, aumentava o tempo nos exercícios de isometria…tentava sempre evoluir em alguma coisa, mesmo que fosse 10 segundos a mais na prancha.
Geralmente fazia meu treino de força em meia hora, e depois caminhava rápido com inclinação na esteira.
Não tinha a menor pressa em voltar a correr, meu foco era fortalecer e preparar o corpo. O Edu, body builder e personal trainer da estrelas aqui do meu prédio, sabia das minhas limitações com disponibilidade e me ajudou fazendo uma série bem enxuta e eficiente. Comecei a puxar ferro sem dó, com séries curtas ou pirâmide e com bastante peso, sem medo de ficar grande.
Esses anos todos de corrida me ajudaram a ter consciência corporal, então eu conseguia perceber e sentir tudo que acontecia com meu corpo ao longo da evolução nos treinos. E isso era o que mais me mantinha motivada.
(01 de abril x 01 maio)
ENFIM, CORRIDA!
Então quando Nico tinha uns 3 meses resolvi voltar a correr. Comecei andando 10 minutos e correndo 10, depois andando 10 minutos e correndo 20 e por último correndo meia hora. Nas primeiras vezes foi meio esquisito, pois sentia minha região pélvica meio frouxa, às vezes sentia vontade de fazer cocô, às vezes saía um pouquinho de xixi…mas minha médica disse que tudo ia passar, e segui em frente.
Fiquei nessas de correr 30 minutos por bastante tempo, geralmente completava 5km. Não fui além primeiro porque eu não queria correr o risco de prejudicar a amamentação, que já foi treta no começo, e depois porque não queria queimar a largada e me machucar. E também eu estava num momento muito bom, muito pleno então não tinha essas ansiedades que corredor tem de abraçar o mundo.
Quando Nico completou 4 meses eu tive que voltar da licença maternidade. Não vou dizer que foi fácil e que eu tava super feliz em voltar, mas fazia parte do cronograma e apesar de a rotina ter ficado bem mais desgastante, eu sabia que treinar me ajudaria a administrar melhor as coisas, e não abandonei os exercícios.
Nico sempre acordou uma 3 ou 4 vezes na noite para mamar, e mesmo estando acabada todo dia de manhã bem cedo eu descia pra academia e tentava fazer uma hora de corrida + musculação, ou pelo menos um dos dois e o outro à noite depois que o Tiago chegava.
O MARIDO TEM QUE AJUDAR!
A ajuda do marido nesse dia a dia com bebê pequeno é fundamental. A gente paga de super mulher, mas a verdade é que ficamos extremamente vulneráveis (física e emocionalmente) depois que parimos e sem o apoio deles fica tudo mais difícil. Sei que tem muito marido egoísta, que acha que tá fazendo um favor “ajudando” a mãe, mas tem que partir da gente mostrar que não é AJUDA, é a divisão justa de tarefas – obrigação – afinal o filho é dos dois, e a mãe também tem o direito de continuar sendo mulher.
O homem tem um delay para aprender esse tipo de coisa, entender o impacto que um bebê tem na vida da gente, mas se vc explicar com carinho e/ou desenhar com giz de cera ele vai entender!
Por aqui não posso reclamar, meu marido entende a importância que o esporte tem na minha vida pq é exatamente a mesma que tem na vida dele, então ele sempre me incentivou. Combinamos que eu não ia inventar de correr maratona até o Nico completar 1 ano e que ele tb não inventaria nada que demandasse demais e atrapalhasse nossa rotina de casa.
Acho que quando nasce um bebê, tem que nascer tb uma parceria entre mãe e pai. Alinhar expectativas, respeitar os momentos do outro e principalmente dividir as tarefas.
Mas isso é assunto para outro post.
CORRENDO NA RUA
Até então eu só corria na esteira, não sentia muita vontade de ir pra rua e também não me esforçava pra isso. Nem para correr na rua, nem pra correr mais longe e nem mais rápido.
Como um movimento de evolução natural, fui retomando meu amor pela corrida, aí sim fui aumentando as distâncias na esteira, até que fui pra rua e comecei a correr mais rápido.
Meu coach WO tb entendeu meu momento, e orientou a fazer o que dava e quando dava. Não ficamos fritando em objetivos e nem acelerando com metas, minha meta era só voltar correr…não importava a distância e nem o ritmo.
Não tinha como ter uma rotina certinha de treinos, portanto não dava pra ter muita expectativa, literalmente corria o que dava. O mais louco é que foi nessa fase mais easy going da vida nos treinos, que aprendi a ser feliz com a corrida e com meu corpo. Acho que porque não serem minhas prioridades, e eu não ter grandes expectativas, tudo foi se encaixando no tempo certo.
Durante a semana corria todo dia 5km na esteira num pace de 5 por km, e no sábado saía pra correr 10k na rua, tentando encaixar abaixo de 5 para começar a me acostumar de novo a fazer força. E isso já era final de julho, ou seja, quase 6 meses depois de parir:
Foi uma evolução lenta mas consistente. Reaprendi a administrar meu ritmo na corrida, a fazer força e a continuar correndo quando sentia vontade de parar, pq isso aconteceu bastante antes de eu ir dos 5 para os 10km.
Esse treino foi o primeiro mais longo e mais forte que fiz, justamente para exercitar todas essas coisas que citei, principalmente a capacidade de crescer no treino.
LEARNINGS
Voltar a correr depois de parir foi um grande aprendizado, uma jornada riquíssima onde pude não só me conhecer melhor, mas principalmente exercitar a paciência e capacidade de olhar para o agora ao invés de querer olhar lá na frente.
Minha prioridade nesse tempo todo foi e continua sendo meu filho. Hoje sei o valor de acompanhar de perto a primeira infância de uma criança, e por nada eu troco isso.
Tive alguns momentos de me questionar o que vai ser da minha corrida daqui pra frente, se vou voltar a correr maratona, ou a ter condições de fazer bons tempos. Mas nada disso é mais importante do que o momento que vivo hoje, e esse momento depois que passar passou.
(13 de outubro x 9 de novembro)
Por isso mamães, meu conselho pra quem quer voltar a correr depois de parir é: viva seu agora e tenha paciência. Paciência e constância são tudo, e quando você menos perceber tudo voltou a ser muito melhor do que era antes.
Não adianta esperar ter motivação e vontade todo dia, porque não funciona assim. Tem dias bons e dias mais tensos. Teve dia que chorei no travesseiro por achar que estava demais pra mim, mas abrir mão de treinar nunca foi uma opção pois é justamente isso que me fortalece para tudo, seja momento bom ou adversidades.
Depois conto sobre o parto, sobre amamentação x treinos, e sobre minha primeira prova depois de parir.
Namastreta!
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