As redes sociais são um grande recorte do melhor de cada um, e nessa infinidade de conteúdos e tempos incríveis na corrida é muito fácil entrar numa viagem louca de que não somos boas, que temos que treinar mais e mais.
Eu mesma, que sempre me achei outsider e diferentona na bolha da corrida, muitas vezes me senti inferior à essa ou aquela pessoa que corre melhor do que eu. Quem nunca?
Acho que por causa disso, vivi 2 anos bem difíceis cheios de dúvidas e questionamentos sobre minhas razões de correr. Precisei engravidar, viver outras coisas e voltar para entender que o que me tornaria mais rápida não era a referência dos tempos de outras pessoas, fossem eles bons ou ruins, e que estava num caminho totalmente equivocado.
Até porque – vamos combinar – hoje em dia é tão comum os amadores fazerem qualquer coisa pra melhorar na corrida, que chega a ser injusto para quem joga limpo tentar buscar essas pessoas, né?
O treinamento para Chicago foi um grande período de autoconhecimento. Entendi que precisava treinar sem olhar pro lado, fosse para minhas companheiras de Zoom Squad ou para outras mulheres, o que eu precisava era confiar no que o Wanderley estava me passando e prestar atenção no que eu estava sentindo em cada sessão.
É super difícil “se fechar” e não pirar no que os outros estão fazendo, mas foi a única maneira que encontrei de me concentrar tanto para fazer força quando fosse preciso, quanto para respeitar o descanso – que nem sempre faz parte da rotina de todo mundo.
Fico feliz em poder compartilhar minha vida, trocando experiências, inspirando e sendo inspirada. Acho que tem muita gente focada em ser fodona do Instagram, enquanto a vida real tá toda cagada e eu não quero isso pra mim. Quero crescer e evoluir no esporte num ritmo saudável, que me permita viver uma vida feliz e equilibrada.
Depois de Chicago comecei a acreditar que posso pensar numa maratona abaixo de 3h, para encerrar minha vida em provas longas mas sei que isso vai acontecer na hora certa, e não tenho pretensão alguma de acelerar o processo para atender expectativas alheias. Todo mundo fala sobre curtir o processo, mas o que mais tem é gente querendo pular etapa dando fast forward na vida e esquecendo que o propósito da corrida vai além de performance.
Olhar pro lado não faz ninguém mais rápido, só torna a gente ansioso e se sentindo sempre atrasados.
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