É possível envelhecer correndo feliz?

A melhor coisa dos eventos que as marcas promovem, sem dúvida, é o encontro com as pessoas. Domingo no lançamento do OnRunning Cloudsurfer tive o prazer de reencontrar o Togumi, treinador e amigo de longa data que tem meu respeito. Durante o treino conversamos sobre todo esse rolê de sermos uma geração que está envelhecendo na corrida, descobrindo meio na unha como sobreviver às mudanças e limitações que a natureza nos impõe. Como falei no outro post, ter 40 não é o mesmo que ter 25 e por mais que escute “você é jovem e ainda vai correr muito”, procuro me auto-impor algumas coisas, como a necessidade de repensar meus desejos com performance.

Costumo dizer que nós corredores gostamos de viver em negação. Ignoramos as dores, os excessos e toda a carga que os treinos para performance trazem. Naturalizamos o cansaço e o esgotamento dos ciclos de maratona. Não aceitamos que existe um limite e que ninguém baixa tempo pra sempre. Não queremos enxergar os custos que correr forte traz para nossa vida. Eu sei disso porque sou assim e a conversa com o Togumi foi muito importante pra entender que tudo isso que tô tentando melhorar, não é uma grande viagem. É bom conversar com pessoas sóbrias e experientes, que conseguem ser honestas e tem a habilidade de compreender nossas aflições. Togumi não me falou que eu tô viajando, pelo contrário. Me contou sua jornada do Repensar a corrida e buscar a felicidade por outros caminhos, que não sejam a busca eterna pela performance.

Os “shows da vida” que assistimos aqui no Instagram são só um recorte do que as pessoas querem mostrar e ninguém vem mostrar fraqueza ou aflição. Eu confesso que tô aflita tentando entender quanto meu corpo aguenta mais de corrida forte e como mudar meu pensamento, para finalmente conseguir me desligar dessa obsessão com o relógio. O universo jogou no meu colo a possibilidade de correr uma maratona que sempre desejei muito, mas tô segurando a emoção e só vou pra essa prova se conseguir mudar minha cabeça e a relação com os 42km. Cansei demais de sofrer, de me cobrar, de disputar, de ficar provando coisas para os outros. São coisas que a gente não fala aqui nas redes, são veladas, mas todo corredor sabe que existem. 

A parte boa de trazer todo esse desconforto para o consciente é que ficamos mais corajosas para trocar esse tipo de ideia com quem tem algo a acrescentar, e tratando desses assunto as chances de encontrarmos um caminho são grandes!

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