Florianópolis, 2019. A primeira vez que corri uma maratona sem postar nada antes. Não pq fiz escondida, mas pq não planejei fazer essa maratona, resolvi 2 dias antes que correria e assim o fiz. Foi uma largada onde apesar de sentir medo, afinal correr uma maratona sem treinar é uma baita de uma presepada, tb senti uma certa paz. Ou a ausência de pressão.
Não estava correndo por nada nem ninguém. Não era pra provar que LowC4rb funciona, nem pra vender tênis, nem pra cumprir um contrato, muito menos pra baixar tempo. Fui pra Floripa à trabalho, coordenar algumas ações na expo de retirada de kit e simplesmente me deixei levar por aquela energia. Troquei a inscrição de 21 pra 42k pq queria sentir de novo como era correr uma maratona. A última havia acontecido em 2016, depois tive um hiato…ou teria sido meu primeiro episódio de ressaca de maratona? Não sei.
Vocês não tem noção de como eu AMO me preparar e correr 42k. Floripa foi perfeita do começo ao 35k, larguei ao lado da @dudapiza e corremos juntas até mais da metade da prova. A força dessa mulher me guiou, enquanto meu corpo ainda em adaptação da LC, amamentando e sem treino, tentava acomodar todo aquele esforço. O tênis, que não era o melhor para uma maratona, comia meu pé de bolha, mas não senti dor alguma.
Minha fatura chegou no km 35 (ou perto disso). Fui humilde, diminuí o ritmo e continuei em frente. Afinal eu não tava ali pra entregar nem provar nada pra ng, eu era dona da minha prova. Um pouco depois do km 40 senti um panda agarrado na minha perna e resolvi andar. Sem stress, não fiquei fritando no que as pessoas da internet pensariam nem nada do tipo. Voltei a correr uns metros depois e terminei a prova. Não foi meu melhor e nem meu pior tempo, mas foi a primeira vez que corri sem buscar nada além do prazer de estar lá.
Depois disso nunca mais. Entrei numas de ficar provando que correr em LC dá certo, numas de baixar tempo, numas de exigir do meu corpo uma performance que lhe custa caro…e acabei transformando o amor em ressaca de novo. Esse ano voltei para o looping de ciclos estressante e buscas incessantes. Correr com contrato assinado e tudo pago é bom demais. As marcas nunca cobram uma performance propriamente dita, mas estar sob holofotes nos leva à isso.
Viver e estudar LowC4arb tb me leva a querer sempre provar que a estratégia funciona. Só que já provei! Corri duas maratonas em baixo carboidrato, uma em 3h04 e outra em 3h06, sendo que Paris fiz em jejum só no sal. Além disso outras pessoas até mais fortes tb provaram que dá certo. Então eu fico imersa nessas buscas quase doentias, me coloco uma pressão doida, alimento um monstrinho chamado ego e no final o que acontece?
Transformo algo legal e mágico, como a maratona, num fardo. A parte boa é que trouxe isso para o consciente e vou me esforçar para mudar. Não vou deixar a síndrome da impostora destruir meu amor pelos 42k. Por isso questionei se vcs conseguiriam correr uma maratona sem postar. Pois às vzs acho que compartilhar até a cor da calcinha da maratona (no caso eu não uso kkkk) coloca ainda mais peso em tudo. Posso estar enganada, mas talvez um primeiro passo para resgatar o tesão seja uma nova estratégia de existência online durante um ciclo de treinamento.
O que vcs acham?
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